Problemas renais na gestação: quais os riscos?

Problemas renais na gestação: quais os riscos?

A gestação é um período delicado, que pode trazer muitas preocupações para a mulher, principalmente se ela foi diagnosticada com problemas renais. Para facilitar o tratamento de gestantes com alterações da função renal, é preciso entender, primeiro, quais são as mudanças fisiológicas que a mulher passa na gravidez.⠀

Abaixo, listei as principais alterações renais que podem ocorrer durante a gestação: 

– Hemodinâmica Glomerular: ocorre o aumento do hormônio relaxina, endotelina (promovem constrição dos vasos sanguíneos e aumentam a pressão arterial, contribuindo para a hipertensão e doença cardíaca) e Óxido nítrico, aumentando o fluxo plasmático renal e da TFG (Taxa de Filtração Glomerular). É importante saber que mesmo com estes aumentos, ocorre uma diminuição de Creatinina e Ureia.⠀

– Anatomia: os cálices renais, pelve e ureteres são dilatados, levando à hidronefrose fisiológica. O tamanho renal é aumentado em 01 cm.⠀

– Função Tubular: neste caso, podemos ter alterações de proteínas, glicose e ácido úrico.

No caso das proteínas, há o aumento na excreção urinária, principalmente de Albumina.⠀

Já a glicose, o aumento é da TFG, o que limita a capacidade do túbulo proximal de reabsorver a glicose, resultando em uma glicosúria fisiológica, que deixa de ser útil para avaliação de diabetes gestacional. O ácido úrico é reduzido por conta do aumento da TFG e redução da reabsorção tubular proximal.⠀

– Homeostase Ácido-Base: é importante saber que a alcalose respiratória é um distúrbio mais comum e que resulta em hiperventilação e, consequentemente, na redução de pCO2.⠀

Infecção urinária na gestação: é possível? 

Diferente do que muitos podem acreditar, a infecção urinária também é bastante comum durante a gravidez, cerca de 17 a 20% das gestantes apresentam o problema de forma sintomática ou assintomática.⠀

As mudanças hormonais do período da gestação e a baixa no sistema imunológico, são algumas das principais causas do problema.⠀

Com o aumento do hormônio progesterona, há um relaxamento da musculatura da uretra, o que encurta o caminho das bactérias até a bexiga e os rins.⠀

Outra alteração é a maior concentração de glicose na urina, tornando o ambiente mais propenso à infecção.⠀

Quando não tratada corretamente, uma das grandes preocupações com a infecção urinária é o risco para a gestante e o bebê. Os casos mais brandos são as cistites (infecções da bexiga) e os mais graves podem levar ao comprometimento dos rins (pielonefrite).⠀

Abaixo, listei os principais riscos da infecção urinária durante a gravidez: 

– Pielonefrite: quando falamos da forma assintomática da infecção urinária, apresenta-se um risco de 20 a 30% maior para as gestantes desenvolverem pielonefrite aguda (infecção renal). De 2 a 10% das gestantes, apresentam concentração elevada de bactérias e o tratamento dessa condição é feito com antibióticos. As infecções urinárias assintomáticas ocorrem, geralmente, no primeiro trimestre da gravidez, que é período mais sensível para o embrião, pois o risco de aborto é mais elevado.⠀

– Ruptura prematura da bolsa: a infecção urinária pode causar uma ruptura prematura da bolsa. Assim, coloca-se o bebê em risco, pois há perda de líquido amniótico e aceleração do trabalho de parto.⠀

– Parto prematuro⠀

– Baixo peso do bebê⠀

– Infecção neonatal: ao passar pelo canal vaginal, o bebê pode ser contaminado com as bactérias da infecção da mãe.⠀

– Sepse materna: nos casos mais graves, em que a infecção urinária não foi corretamente tratada, a mãe pode apresentar sérias complicações no pós-parto, como febre, náuseas, dores de cabeça e infecção generalizada.⠀

Quem tem Doença Renal Crônica não pode engravidar?

Muitas mulheres com Doença Renal Crônica (DRC) têm o desejo de engravidar. No entanto, a maioria delas não sabe que muitas doenças dos rins podem causar infertilidade e até mesmo dificuldade para engravidar.⠀

Contudo, isso não significa que não é possível a gestação. O importante é a avaliação criteriosa do estágio da disfunção renal e se existe ou não proteinúria. Além disso, também é preciso redobrar a atenção para que a mãe e o bebê não sejam prejudicados, já que o mau funcionamento dos rins e o acúmulo de toxinas no organismo, podem diminuir a produção de hormônios reprodutivos e dificultar o preparo do útero para a gestação.⠀⠀

É importante saber, também, que existe maior risco em desenvolver problemas, como a pré-eclâmpsia, parto prematuro, atraso no crescimento e desenvolvimento do bebê, e, até mesmo, de aborto.

Por conta disso, pode-se dizer que mulheres com DRC pouco avançada, pressão arterial normal e pouca ou nenhuma quantidade de proteínas na urina, podem engravidar após a liberação pelo nefrologista. Já mulheres com DRC avançada, na maioria dos casos, a gravidez é indicada depois de transplante de rim. Contudo, é importante procurar a orientação de um nefrologista para avaliar o caso. 

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